11 de janeiro de 2013

PIDE

Há já uns dias que tinha visto no blog da Stylista, que a Samsung tinha feito uns vídeos com alguns bloggers sobre os seus desejos para 2013. Quando vi que o vídeo estava online, pensei cá com os meus botões: "Mas quê? Vou perder tempo a ver meia dúzia de pessoas que não conheço de lado nenhum a pedir este mundo e o outro? Nããããã... Quando abrem a boca acho-as sempre tão "afectadas" a falar, que só me apetece mandá-las para terapia da fala (gosto de "lê-las", mas não gosto de ouvi-las, admito)!". E pronto. Ficou por aí. Qual não foi o meu espanto, quando ao ler o JN online, vejo um artigo sobre o tal vídeo, que está na ordem do dia (pelo menos o mais censurado). Como sou muito curiosa, aí tive mesmo de ir ver o vídeo da tal rapariga que nunca tinha visto na minha vida. Espanto? Nenhum. Fala de forma "afectada", tal como eu tinha imaginado, não disse nada de que eu não estivesse à espera e pediu desejos como qualquer pessoa pediria. O vídeo era isso mesmo: pedir desejos. Se ela "pede" uma Chanel em vez de três malas Primark, é lá com ela. Melhor para ela. Parece-me bom sinal... para ela. O que é que nós temos a ver com isso? NADA (quer dizer, eu também queria uma!!buahhh). Ela não me pediu a mim, até teve a delicadeza de dizer que estava a juntar dinheiro para isso (parece-me simpático não dizer que vai pedinchar aos pais) e, portanto, acho ridículo que as pessoas a enxovalhem desta forma. Não querem ver vídeos de pessoas, aparentemente, fúteis? Não vejam. Se são bloggers de moda, é natural que falem de moda e de coisas mais "fúteis". É a área delas. Vem algum mal ao Mundo por termos desejos consumistas? Não, não vem. Cada um sabe de si e das suas prioridades, e não temos de ser todos iguais, nem gostar todos das mesmas coisas. Agora, só porque o país está em crise não podemos exprimir-nos livremente? As redes sociais e os meios de comunicação social (no geral, obviamente que há muitas excepções), fazem, actualmente, o papel de PIDE, devendo ter vergonha da forma como enxovalham as pessoas. Eles e nós em geral, que temos sempre alguma coisinha a dizer sobre a vizinha do lado. Todos temos telhados de vidro e devem contar-se pelos dedos as pessoas que, enchem a boca para criticar os outros, mas não têm nada de "fútil" que se lhes aponte. Se calhar, se fumassem menos e outras "futilidades" que tais, até conseguiriam poupar... para uma imitação da Chanel. Quem sabe... A/s rapariga/s ficou/aram mal na foto, é verdade, mas pior ficou a Samsung, que não sei onde raio "tinha" a cabeça para não achar que isto ia cair que nem uma bomba. Se o objectivo era que as pessoas falassem dos vídeos (e, inerentemente, da marca), fosse bem ou mal, tudo bem, mas se era para só falarem bem, é óbvio que isso não ia acontecer. Ou diziam a cada um dos bloggers o que queriam que estes dissessem, ou arcavam com as consequências, não era "sacudir a água do capote", como depois fizeram. Moral da história: puseram-se todos a jeito, foi o que foi.

2 comentários:

  1. Concordo contigo!

    http://keepcalmtivemosumbaby.blogspot.pt/

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  2. Bem Happy woman, o mundo está de pernas para o ar. Completamente. As pessoas começaram a ouvir a palavra crise há 2 anos e para elas crise significa criar cavalos de batalha e armarem-se em Madre Teresa de Calcutá (só nas palavras). Essa palavra deveria servir para muitas outras coisas mas, adiante. Eu oiço essa palavra há 29 anos, todos os dias, e não me lembro de sentir este ódio por quem quer e pode ter mais que eu. Nem me recordo de alguma vez ter assistido a semelhante circo. Nestes 29 anos existiam também milhares de pessoas neste mundinho a morrer de fome. E a economia parou? A Chanel fechou? A Loubotin deixou de existir? Não me parece. Porque é que só agora toda a gente se lembrou que é preciso poupar, e impedir que os outros possam ter pequenas felicidades sem se sentirem culpados. Se há coisa que não aguento é gente que não tem mais que fazer senão andar a coçar cotovelos cheios de dor pelas paredes e a escrever parvoíces, como as que já li, nas redes sociais. E, há tanta gente assim. Sinto-me privilegiada porque ganho um salário mediano e sobretudo porque tenho emprego, mas isso não me obriga a ter que pedir desculpas ao mundo porque ainda consigo ter alguma qualidade de vida quando há pessoas que não o conseguem. A moça pediu uma Chanel, sonhou com ela, olha Pêpa também eu queria. Porque é que não veem o lado bom do pedido da moça? "Vou juntar dinheiro para comprar". Se calhar até vai esforçar-se mais, arranjar mais trabalho, pagar mais impostos só para puder colocar de lado umas notinhas para a Chanel. A moça não disse que ia pedir um empréstimo e pagar em 1000 suaves prestações o raio da carteira. Porque para muitos se calhar era mais aceitável. Afinal, foi assim que meio mundo neste país viveu até há um ano atrás.
    Resumindo, Happy Woman há muita gente que não tem mais com que se preocupar.

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