7 de maio de 2012

White power

Ao almoço, o senhor do refeitório era uma simpatia para mim:"Não quer provar isto senhora doutora?", para aqui; "Claro que pode ser com aquele arroz menina", para ali. Desfazia-se em risinhos, era o que era. Ainda achei que se devia aos meus lindos olhos, mas não. Afinal, a razão de ser tão bem atendida tinha uma cor: branco. E uma peça de roupa: bata. É incrível o poder de uma bata branca (então se se for com o estetoscópio a fazer de colar ainda melhor! Sim, porque ainda estou para perceber essa "moda"/mania/panca/estupidez...). Bastou ir sem o raio da bata para passar a ser atendida com um:"É para almoçar?" (não, estou só ali para comprar maçãs!?!) ou " Ah não podemos trocar os acompanhamentos" e, praticamente, sem olhar para mim!! Faz assim tanta diferença se vou de ténis rotos, de vestido de gala ou de bata?! Parece que sim. De um dia para o outro, deixei de ser a "senhora doutora" e, pior do que isso, deixei de ser "a menina". Fiquei um pouco decepcionada, confesso. Achei mesmo que o facto de ser tratada com tanta gentileza era sincero... O que me vale é que para algumas pessoas sou, e serei sempre, a "menina doutora". Que riquezas!! :)

1 comentário:

  1. É bem verdade. Muitas pessoas julgam-nos pela aparência, infelizmente!

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